O bom
samaritano São Sebastião: pela lei do amor e da misericórdia
As festividades e celebrações realizadas em honra ao Glorioso Mártir São
Sebastião ocorrem todos os anos. Entretanto, isso está longe de significar
repetições e falta de inovação. Os dias dedicados ao Tríduo Preparatório e o
ápice da comemoração no dia 20 de janeiro nada têm de monótonos, uma vez que
buscam pensar a suprema relevância de São Sebastião no contexto de cada ano. Em
2016, somos chamados a incentivar em nossas famílias e comunidade o valor da
misericórdia. Nesse sentido e em muitos outros, São Sebastião tem muito o que
nos ensinar. Como veremos a seguir, as solenidades para o Santo Mártir
movimentaram o povo de Deus no caminho da misericórdia. A tradição se consumou
sem deixar de renovar-se e falar o que nos cabe.
No primeiro dia do Tríduo Preparatório (17), o reverendíssimo Padre
Rondineli Cristino presidiu as celebrações eucarísticas de 10h30min e 19h
intercaladas pelo leilão de bovinos, suínos e toda sorte de animais ofertados
por agricultores de nosso município. Na Santa Missa, a liturgia evocou a figura
de Maria como Mãe Intercessora capaz de rogar ao Pai por nós, como rogou a
Jesus para que operasse o milagre de transformação da água em vinho nas bodas
de Caná. Onde há sede e todo tipo de carência, Nossa Senhora intervém com seu
manto e colo maternal para nos acalentar e proteger das mazelas do mundo.
Inspirados pela certeza de que nenhum cristão é órfão nos braços de Maria
Santíssima, os fiéis se reuniram às 12h para o encontro abençoado por São
Sebastião e irradiado pela alegria de todos os presentes. Como um pastor
apascentando as suas ovelhas, Padre Rondineli semeou as bênçãos derramadas pelo
Senhor, do céu que também estava em festa leiloando amor e devoção.
O céu realmente se encontrava em
festa e as gotas de chuva pareciam lágrimas de alegria com os encontros do povo
de Deus para aclamar São Sebastião. Inundados por essa alegria, os filhos do
Senhor recolheram-se na Igreja que leva o nome do Santo Mártir e recitaram em
coro o Santo Terço proferido sabiamente pelo Seminarista Diego . Nesse segundo
dia do Tríduo Preparatório (18), o momento de meditação inaugurado pela poesia
espiritual do Santo Terço continuou intenso com a Santa Missa.
A homilia
ressaltou a sabedoria exemplar de Jesus quando ensinou aos doutores da lei
através da parábola do bom samaritano. Nela, um samaritano presta auxílio a um
homem gravemente ferido e que havia sido ignorado por dois religiosos
obedientes à lei. Com isso, fica claro que a lei sem amor é ditadura para o
espírito. Tudo o que procede do Senhor segue marcado de amor e misericórdia. O
atendimento de confissões foi baseado nesse propósito de reconhecer as próprias
misérias e purificar o coração para enxergar de modo transparente as misérias
do outro sem julgá-lo perante a lei e sim amá-lo segundo a misericórdia.
No terceiro dia do Tríduo
Preparatório (19), um Santo Terço foi rezado em respeito e glória à Nossa
Senhora da Conceição Aparecida. Por sua vez, a Santa Missa recordou o amor do
Cristo, a misericórdia do Mártir São Sebastião e acima de tudo a infinita bondade
do Pai congregado no Filho e no Espírito Santo para redimir e abraçar toda a
humanidade. A parábola do Filho Pródigo foi a história que serviu de base para
as imprescindíveis reflexões comentadas ao longo da homilia. Apesar de muitos
filhos que desposam a herança celeste em favor de desejos efêmeros ou ilusões
do pecado, o Senhor permanece ao pé da porta no Reino dos Céus aguardando a
nossa chegada com banquete, festa e alegria. Basta que sejamos capazes de
reconhecer o vazio da nossa existência sem a plenitude da sua graça.
Não é difícil supor a beleza das solenidades que eternizaram o dia 20 de
Janeiro. É preciso considerar que a singularidade deste dia não se deve à morte
do soldado e mártir São Sebastião, mas à sua glória de ascender ao Reino dos Céus
e amparar cada um de nós quando nos defrontamos com a fome, a peste e a guerra
de um mundo que prega a inversão de valores ao invés de defendê-los pela lei do
amor. Naquele dia verdadeiramente especial, a memória de São Sebastião foi
suscitada durante a liturgia e a eucaristia das celebrações ocorridas às 8h e
19h.
Às 18h30min, os protegidos do Santo Mártir seguiram em procissão pelas
ruas da cidade até a chegada da sacra imagem à Capela. Todos esses eventos
sublimes foram adornados pelo brilho especial da Orquestra e o talento do Coro para
guiar na voz o incansável júbilo do coração. Ao final, a água, o sal e as
sementes foram postos diante do altar simbolizando o desejo da fartura de
alimentos na mesa e a esperança da fartura de Deus na vida cotidiana. Um
divertido e bem-aventurado leilão de prendas encerrou o ciclo das festividades.
Paralelamente a isso, seguimos confiantes de que a data teve o seu fim,
embora a misericórdia de São Sebastião esteja marcada em nós, fazendo o tempo parar
no instante em que contemplamos sua história de fé e seu caminho de luz.
Matéria- Guilherme Augusto
Fotos- Equipe Pascom