sábado, 23 de janeiro de 2016

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Lc 10,27)


       O bom samaritano São Sebastião: pela lei do amor e da misericórdia



As festividades e celebrações realizadas em honra ao Glorioso Mártir São Sebastião ocorrem todos os anos. Entretanto, isso está longe de significar repetições e falta de inovação. Os dias dedicados ao Tríduo Preparatório e o ápice da comemoração no dia 20 de janeiro nada têm de monótonos, uma vez que buscam pensar a suprema relevância de São Sebastião no contexto de cada ano. Em 2016, somos chamados a incentivar em nossas famílias e comunidade o valor da misericórdia. Nesse sentido e em muitos outros, São Sebastião tem muito o que nos ensinar. Como veremos a seguir, as solenidades para o Santo Mártir movimentaram o povo de Deus no caminho da misericórdia. A tradição se consumou sem deixar de renovar-se e falar o que nos cabe.


No primeiro dia do Tríduo Preparatório (17), o reverendíssimo Padre Rondineli Cristino presidiu as celebrações eucarísticas de 10h30min e 19h intercaladas pelo leilão de bovinos, suínos e toda sorte de animais ofertados por agricultores de nosso município. Na Santa Missa, a liturgia evocou a figura de Maria como Mãe Intercessora capaz de rogar ao Pai por nós, como rogou a Jesus para que operasse o milagre de transformação da água em vinho nas bodas de Caná. Onde há sede e todo tipo de carência, Nossa Senhora intervém com seu manto e colo maternal para nos acalentar e proteger das mazelas do mundo. 



Inspirados pela certeza de que nenhum cristão é órfão nos braços de Maria Santíssima, os fiéis se reuniram às 12h para o encontro abençoado por São Sebastião e irradiado pela alegria de todos os presentes. Como um pastor apascentando as suas ovelhas, Padre Rondineli semeou as bênçãos derramadas pelo Senhor, do céu que também estava em festa leiloando amor e devoção.


            O céu realmente se encontrava em festa e as gotas de chuva pareciam lágrimas de alegria com os encontros do povo de Deus para aclamar São Sebastião. Inundados por essa alegria, os filhos do Senhor recolheram-se na Igreja que leva o nome do Santo Mártir e recitaram em coro o Santo Terço proferido sabiamente pelo Seminarista Diego . Nesse segundo dia do Tríduo Preparatório (18), o momento de meditação inaugurado pela poesia espiritual do Santo Terço continuou intenso com a Santa Missa.


  A homilia ressaltou a sabedoria exemplar de Jesus quando ensinou aos doutores da lei através da parábola do bom samaritano. Nela, um samaritano presta auxílio a um homem gravemente ferido e que havia sido ignorado por dois religiosos obedientes à lei. Com isso, fica claro que a lei sem amor é ditadura para o espírito. Tudo o que procede do Senhor segue marcado de amor e misericórdia. O atendimento de confissões foi baseado nesse propósito de reconhecer as próprias misérias e purificar o coração para enxergar de modo transparente as misérias do outro sem julgá-lo perante a lei e sim amá-lo segundo a misericórdia.


            No terceiro dia do Tríduo Preparatório (19), um Santo Terço foi rezado em respeito e glória à Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Por sua vez, a Santa Missa recordou o amor do Cristo, a misericórdia do Mártir São Sebastião e acima de tudo a infinita bondade do Pai congregado no Filho e no Espírito Santo para redimir e abraçar toda a humanidade. A parábola do Filho Pródigo foi a história que serviu de base para as imprescindíveis reflexões comentadas ao longo da homilia. Apesar de muitos filhos que desposam a herança celeste em favor de desejos efêmeros ou ilusões do pecado, o Senhor permanece ao pé da porta no Reino dos Céus aguardando a nossa chegada com banquete, festa e alegria. Basta que sejamos capazes de reconhecer o vazio da nossa existência sem a plenitude da sua graça.



Não é difícil supor a beleza das solenidades que eternizaram o dia 20 de Janeiro. É preciso considerar que a singularidade deste dia não se deve à morte do soldado e mártir São Sebastião, mas à sua glória de ascender ao Reino dos Céus e amparar cada um de nós quando nos defrontamos com a fome, a peste e a guerra de um mundo que prega a inversão de valores ao invés de defendê-los pela lei do amor. Naquele dia verdadeiramente especial, a memória de São Sebastião foi suscitada durante a liturgia e a eucaristia das celebrações ocorridas às 8h e 19h. 


Às 18h30min, os protegidos do Santo Mártir seguiram em procissão pelas ruas da cidade até a chegada da sacra imagem à Capela. Todos esses eventos sublimes foram adornados pelo brilho especial da Orquestra e o talento do Coro para guiar na voz o incansável júbilo do coração. Ao final, a água, o sal e as sementes foram postos diante do altar simbolizando o desejo da fartura de alimentos na mesa e a esperança da fartura de Deus na vida cotidiana. Um divertido e bem-aventurado leilão de prendas encerrou o ciclo das festividades.



Paralelamente a isso, seguimos confiantes de que a data teve o seu fim, embora a misericórdia de São Sebastião esteja marcada em nós, fazendo o tempo parar no instante em que contemplamos sua história de fé e seu caminho de luz.



Matéria- Guilherme Augusto
Fotos- Equipe Pascom 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O mártir São Sebastião: contra a fome, a peste e a guerra de um mundo sem amor



Imaginemos um homem de carne e osso como nós, designado para a função de Primeiro Capitão do Império Romano. Precisaremos voltar ao século III d.C. para vislumbrar o nascimento desse nobre funcionário do serviço militar. No entanto, se apenas fosse este o seu serviço, ele seria certamente mais um ser humano de pecados e virtudes como nós. Apesar das duras perseguições sofridas pelos cristãos em sua época, este Filho de Deus inspirou-se no exemplo de Jesus e dos apóstolos para professar a fé cristã e testemunhar o Deus da Santíssima Trindade.




Agora percebemos não se tratar de um homem comum, mas de um herói capaz de ofertar a própria vida como símbolo do amor incondicional que o Senhor nos concede para além das limitações físicas e temporais. Este foi São Sebastião: um soldado romano que escolheu vivenciar a missão evangelizadora e amar aqueles que o dever militar mandava perseguir e castigar com a morte. Mais uma vez, vemos o Amor e a Santidade transgredirem a lei para que o nome do Senhor seja conhecido em todas as partes e por todas as criaturas.


Por isso, apesar de conviver com os cultos pagãos e as falsas idolatrias, São Sebastião nunca deixou de comunicar ao povo romano o mistério da salvação e do Deus Uno e Tríduo conforme a perfeita comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em meio à cegueira espiritual instaurada pela crença politeísta, nosso querido mártir não hesitou em anunciar a Palavra e até mesmo proteger em segredo seus irmãos punidos por perseverar na verdade do Cristo Ressuscitado.



Quando tais atitudes chegaram ao conhecimento do Imperador Maximiano, este não teve como São Sebastião o discernimento necessário para compreender a diferença fundamental entre as obrigações do dever e a entrega da missão. Assim, o soldado do exército de Cristo foi amarrado, exposto em praça pública e recebeu inúmeras flechadas até cogitarem que estava morto. Ainda vivo, foi salvo por Irene, outra cristã vítima do código romano. Entretanto, o desejo de servir e a impossibilidade da renúncia ao Amor de Deus levaram São Sebastião a morrer como mártir na segunda tentativa do Império de matar um de seus filhos mais ilustres e bem-aventurados.



Tendo em vista as dificuldades encontradas pelo povo cristão ao longo de sua História, torna-se muito importante refletir sobre o exemplo da sagrada figura de São Sebastião. Apesar de todos os desafios e barreiras encontradas para uma vida plenamente cristã, não há nada que uma Fé autêntica não possa superar. Muito mais do que senti-la, é preciso testemunhá-la em atos de amor e caridade para com nossos irmãos.



 Com toda certeza, esse belíssimo propósito falou ao coração do Santo Padre, o Papa Francisco, no momento em que o Ano Santo da Misericórdia foi anunciado aos cristãos de todo o mundo. Afinal, em um mundo de consumo e de competição, as desigualdades sociais e o individualismo impedem que possamos nos doar para o próximo e confortá-lo na falta de pão e de Amor.

Matéria- Guilherme Freitas
Fotos- Aquivos da Pascom

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

“Assim, já não és escravo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus.” (Gl 4, 4-7)

 •Ano novo e cristãos renovados


Na Santa Missa de ontem (31), realizada no Santuário Nossa Senhora de Nazaré, às 20h, o reverendíssimo Pe. Rondineli Cristino, ao lado do Pe. Júnior, seus ministros, acólitos e demais auxiliares, presidiu a celebração de despedida do ano de 2015 e de acolhimento espiritual ao ano vindouro. Certamente, esse tempo que nos chega através do nascimento de Jesus e da travessia para uma nova etapa na vida dos cristãos está repleto de boas novas e bem aventuranças.

 Quando o presidente da celebração adentrou a porta do Santuário, os fiéis presentes puderam contemplar na figura dos novos acólitos os projetos plantados por Deus para o novo ano e que prometem germinar em frutos de bondade e servidão para a paróquia e a comunidade. Do mesmo modo que Maria recebeu amavelmente o salvador em seu ventre, também a Igreja empenha suas vocações para o serviço paroquial, de modo a fazer germinar os frutos de um amor verdadeiro partilhado com Deus. No momento de meditação consagrado pela homilia, Pe. Rondineli afirmou justamente a missão fundamental cumprida por Maria na salvação da humanidade pela redenção de seus pecados. Segundo o presbítero, Maria representa a Mãe intercessora da Igreja e de todos os fiéis, pois sua virgindade fecunda não sofreu a mácula do pecado para trazer ao mundo a luz que iluminou as trevas, o milagre que restituiu ao rebanho do Senhor a busca pela santidade e a esperança da morada celestial. Por isso, como mãe do filho perfeito que é Jesus, Nossa Senhora nos aguarda em seu colo maternal para nos fortalecer e amparar, apesar de nossas imperfeições.


 A primeira serva do Senhor subiu aos Céus como Mãe redentora, mas sua onipresença divina faz com que esteja ao mesmo tempo dentro de nós e ao lado de Deus. Rezar em Seu Santo Nome significa fazê-la tocar os Céus, colher as bênçãos que precisamos e derramá-las na raiz de qualquer ferida, lástima ou sofrimento. Juntamente com a Santíssima Trindade ilustrada pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo, a primeira serva também é a primeira a quem devemos servir. Da mesma maneira que São Paulo compartilha com os Gálatas a boa nova de que somos filhos de Deus e herdeiros do Reino dos Céus, somos convidados a herdar em vida terrena as virtudes de Maria, a qual confirmou resignada os planos do Senhor e ofertou a sua própria vida como tempo inteiramente devotado à gestação e ao cuidado maternal de Emanuel, o Deus conosco.


 Pe. Rondineli ressaltou com ênfase essa maternidade de Maria que se estende, sem reservas, a todos os filhos e filhas de Deus. Muito além da passagem temporal marcada pelos calendários, a Santa Missa celebrou o Ano Novo como um momento de transição para os fiéis, sendo chegada a hora de prestar ação de graças por todas as conquistas alcançadas no ano findo e ao mesmo tempo pedir ao Senhor e à Virgem de Nazaré a santa intercessão capaz de redimir os pesados fardos carregados pelo povo de Deus nessa caminhada que agora se abre com um novo e abençoado ano. Conforme fez questão de lembrar sabiamente o querido sacerdote de nossa paróquia, Jesus dá conosco seus primeiros passos, como criança nascida há poucos dias do ventre de nossa digníssima Mãe. E nesse gesto de profundo amor e misericórdia, o Cristo se faz criança para se igualar a nós, inocentes da vida eterna reservada pelo Senhor. 



Ele já sabe o caminho e, sendo criança, a pureza das suas pegadas só nos pode levar aos céus. No término da celebração, os católicos reunidos pela Virgem de Nazaré e inundados pela Alegria do Espírito Santo, cumprimentaram-se amorosamente desejando a paz de Cristo no novo ano a poucas horas de nascer. A bênção final confirmou a certeza de que este novo ano será vivenciado por cristãos verdadeiramente renovados na fé em Deus e na solidariedade com seus irmãos.


Matéria- Guilherme Freitas
Fotos- João Paulo