A Igreja Católica
inicia neste dia 5 de março, quarta-feira de cinzas a Quaresma. O tempo
quaresmal prepara a Igreja para celebrar a maior festa do Cristianismo: A
Paixão, Morte e Ressureição de Jesus. Este
é um período forte de oração, reflexão e conversão do coração ao projeto que o
Pai tem traçado para a Igreja enquanto povo de Deus a caminho e para cada
Cristão que deseja fazer valer em sua vida o projeto de ser cada dia mais
semelhante a Cristo.
No Brasil a CNBB, desde 1964 promove a Campanha da
Fraternidade com o objetivo de traçar um itinerário de libertação pessoal e comunitária que possa abranger a sociedade
como um todo. “Este ano o tema da campanha da fraternidade é: ‘‘Tráfico humano
e fraternidade” e o lema: ‘’É para a liberdade que Cristo nos libertou!’’ Para
ajudar na reflexão deste tema propõe-se o seguinte texto do Padre Dirceu Medeiros:
Na Bíblia encontramos uma página emblemática:
o episódio da venda de José, filho do Patriarca Jacó. José foi vendido pelos irmãos, como escravo, a
mercadores e levado para o Egito. Este texto nos ajuda a refletir sobre o tema
da Campanha da Fraternidade deste ano. A Igreja, perita em humanidade, traz à
baila este assunto complexo e desafiador: o tráfico de pessoas. A CF 2014 não
quer somente que aprofundemos o tema, mas nos impele a dar respostas concretas.
Este drama humano está em desacordo com o
projeto de Deus, que é um projeto de vida para a humanidade. (Jo 10, 10) O
objetivo geral sintetiza: "Identificar as práticas de tráfico humano em
suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade
humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal,
com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus".
Aproveitemos o tempo da Quaresma: tempo de conversão, revisão de vida e
preparação para a Páscoa do Senhor. Neste tempo fecundo, a cada ano, refletimos
temas que tocam a nossa existência. Num primeiro momento pode parecer-nos um
tema árido, uma realidade distante ou mesmo ausente em nossa Diocese. Porém, se
prestarmos atenção às várias modalidades de tráfico de pessoas, podemos mudar
de opinião. Destaco as modalidades: tráfico para a exploração do trabalho, para
a exploração sexual, para a extração de órgãos, para adoção de crianças, para
atividades ilícitas. Precisamos é desenvolver um olhar mais acurado para
perceber a realidade que esta à nossa
volta!
O tráfico humano possui um outro pano de fundo e este é apresentado pelo Texto
Base da CF 2014. Neste pano de fundo mais amplo um aspecto chama a atenção: a
mobilidade humana. Em nosso país tivemos o fenômeno do êxodo rural. No tocante à migração, há dois tipos: a
migração voluntária e a forçada. O migrante voluntário migra por questões
econômicas, em busca de oportunidade; enquanto o segundo é forçado pelas
circunstâncias. Vale citar aqui, os "refugiados da fome", das
"guerras" e o mais novo tipo o "refugiado ambiental".
Contudo, todos vivem uma situação de
vulnerabilidade, pois nem sempre conseguem obter trabalho, nem documentos
oficiais e viver na legalidade. Em outras palavras, tornam-se "presas
fáceis" diante da coação de aliciadores. Entretanto, hoje as mulheres e as
crianças constituem as classes mais vulneráveis, assim como "o órfão, a
viúva e o estrangeiro" foram nos tempos bíblicos.
A Igreja levanta sua voz profeticamente para
dizer: o tráfico humano constitui um atentado contra a dignidade do ser humano.
O ser humano não é coisa, mercadoria ou objeto, mas antes "imagem e
semelhança de Deus". O salmista revela esta dignidade quando respondendo à
pergunta: "Que é o homem"? - diz - " Vós o fizestes igual aos
anjos, de glória e honra o coroastes"! (Sl 8, 5-6) Ainda mais, em Cristo,
somos filhos e não mais escravos! Em Cristo recebemos a adoção filial. São
Paulo nos ensina: "não recebestes o espírito de escravidão, (...) mas
recebestes o Espírito de adoção de filhos. (Rm 8, 15) O lema da CF 2014 ilustra
ainda mais quando afirma: "É para liberdade que Cristo nos libertou".
(Gl 5, 1) O tráfico humano rouba das pessoas a dignidade e a liberdade!
Por fim, lembro que este texto não pretende
esgotar o tema. Quero, porém, despertar no leitor o desejo de aprofundá-lo e
com ele se comprometer. O texto-base nos oferece algumas pistas de ação. Detenho-me em três que estão ao nosso
alcance: a)- conscientização sobre a realidade do tráfico humano, afinal
estamos tratando de um crime silencioso. As vítimas temem denunciar com medo de
violentas represálias. b)- o acompanhamento, por parte das pastorais, dos
migrantes rurais e urbanos que, ao migrar, perdem suas raízes e tornam-se
vulneráveis. c)- a coleta da solidariedade, feita no Domingo de Ramos que é
aplicada, em âmbito diocesano e nacional, em projetos sociais relacionados ao
tema da CF do ano corrente.
Matéria: Carmen Nogueira
Fonte: www.diocesedesaojoaodelrei.com.br
Fotos: Internet
Organização: Doraci Couto
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