"Portanto, se alguém está
em Cristo é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é
novo." (2 Cor 5, 17)
Neste último domingo (21), a Paróquia
de Nazareno organizou celebrações em honra à Nossa Senhora do Rosário. Às 16h,
o Cortejo Imperial destacou-se como evento atípico de Glorificação da Virgem
Santa, a qual sendo Rainha não deixava de ser Mãe, esplendidamente trajada e
ornada de flores com o Menino Jesus em seus braços.
Com o término do Cortejo e das graças rendidas
àquela que se entregou aos desígnios de Deus por amor a todos os seus irmãos e
agora filhos, Nossa Senhora do Rosário seguiu posteriormente em procissão,
acompanhada pelos mártires e santos da comunidade católica nazarenense. Uma
multidão partiu, às 17h, da Igreja que abriga a Mãezinha e percorreu com
súplicas, orações e agradecimentos o trajeto que trazia inscrito no chão de
asfalto palavras de amor e misericórdia dirigidas à Virgem do Rosário. O
cenário não poderia ser outro: inúmeros fiéis olhando profundamente para dentro
de si mesmos ao passo em que refletiam sobre o simbolismo de Nossa Senhora a
cuidar em seu colo de quem viria a ser a grande salvação da humanidade.
Quem se
deixava voltar alguns instantes para trás, enxergava ao longe o rebanho
infindável dos Filhos de Deus, tão absorvidos e compenetrados por aquela
memória sagrada de Maria Santíssima e por todos os significados que vieram à
tona no seu aniversário milenar. Cada devoto em procissão parecia representar
uma conta do Rosário da Virgem e todos formavam em conjunto a mais autêntica e
fervorosa prece.
No findar da
belíssima caminhada de Fé, adentrou na reformada e renovada Casa da Mãe do
Rosário, o Reverendíssimo Pe. Rondineli Cristino com os acólitos, ministros e
demais membros auxiliares da Santa Missa que teria início logo a seguir. No
ambiente da Igreja que agora respirava o fôlego de novas estruturas e detalhes
arquitetônicos, passado e presente se mesclavam para direcionar um futuro que
somente será possível com respeito e amor aos diversos setores da sociedade
contemporânea, a exemplo do que fizeram em outros tempos Jesus, Maria, seu
castíssimo esposo José e tantos outros seres humanos prodigiosos que dedicaram
suas vidas a praticar o bem na Terra, conforme os mandamentos do Senhor.
Para dialogar com a devoção latente no peito de
cada cristão, Pe. Rondineli buscou no Evangelho de Marcos uma gama de metáforas
que representam a importância da Fé e do Temor a Deus como valores
indissolúveis que nos guardam de quaisquer caminhos tortuosos ou tempestades
inesperadas. Jesus pede aos discípulos que atravessem para a outra margem,
porém o mar bravio e as fortes tempestades despertam o medo da morte e do
desconhecido que estaria por vir. Os discípulos clamam a Jesus que descansa
tranquilamente em um travesseiro quando tudo acontece. As águas se acalmam com
a intervenção divina do Senhor e os discípulos reafirmam a grandeza do seu Mestre
enquanto Jesus lamenta a falta de Fé dos seus seguidores.
Desse modo,
Pe. Rondineli salienta que, como discípulos modernos de Cristo Ressuscitado,
precisamos sempre estar dispostos a nos dirigir para a outra margem, mesmo em
dificuldades, para encontrar e acolher muitos irmãos que vivem nas trevas do
pecado e na cegueira de uma vida sem sentido. O que apaga a distância entre o
nosso medo e o nosso Temor é a capacidade que temos de projetar nossa vida a
limites maiores do que aqueles que são impostos pelo mundo e pelos sistemas
contraditórios dos quais fazemos parte. Para o Senhor, não há sistemas, mas
antes e acima de tudo redes de contato entre corações restaurados e a margem de
outros que ainda estão feridos e dependem tanto de nossa corajosa travessia.
Entretanto,
as ovelhas do Bom Pastor se deixam muitas vezes seduzir pelos lobos da maldade
e do egoísmo, transpondo de maneira libertina e inconsequente os limites e
princípios da ética cristã que regem a organização e os vínculos pacíficos do
Reino de Deus na humanidade. Em um mundo multifacetado, constituído por ideais
e concepções diversas, a defesa de direitos e a luta por igualdade não possui
expressividade real se não entende as suas fronteiras de discurso e de respeito
para com as demais instituições e formas de pensamento. Por isso, o Senhor nos
lança, como lançou a Jó no meio da tempestade, esta pergunta definitiva e
definidora: "Quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do
seio materno, quando eu lhe dava das nuvens por vestes e névoas espessas por
faixas; quando marquei seus limites e coloquei portas e trancas, e disse: 'Até
aqui chegarás e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?'" (Jó 38,
8-11). Roguemos ao Senhor para que sejamos exclusivamente guiados por suas ondas,
longe de sermos postos à deriva pelas tempestades falseantes e impetuosas do
pecado e da morte.
No discorrer
dessas reflexões, cabe a certeza do que diz São Paulo em sua carta aos
Coríntios: quando um único homem morreu por todos, ele venceu a morte e ninguém
mais percorrerá suas veredas, contanto que siga e cumpra os santos mandamentos.
O amor incondicional que move um ser humano a martirizar-se em prol da salvação
de seus irmãos quebra as amarras de qualquer ambição que não seja viver para os
propósitos de Deus: "De fato, Cristo morreu por todos, para que os vivos
não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou. [...] Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O
mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo." (2Cor 5, 15.17) Urgente viver
para Cristo e mais ainda compreender que tudo é novo, mas nem por isso somos
menos essenciais, menos dependentes desse Amor em Plenitude, em Graça, em Nós.
Pós-comunhão,
todos os amados irmãos e irmãos estavam devidamente alimentados na alma pelo
Corpo e Sangue de Cristo. O Reverendíssimo Pe. Rondineli, os ministros e
acólitos, juntamente com o Povo de Deus que se estendia pelo tradicional novo
templo de Nossa Senhora do Rosário, contemplaram admirados a doçura das
crianças durante a coroação de Nossa Virgem Abençoada.
Em uma visão mais
profunda e sensível daquela cena que se emoldurava aos olhos dos fiéis, era
possível imaginar os Anjos do Céu vagando ao redor das crianças para depois
voltar a habitar dentro delas. O clima era de festa por Nossa Senhora e a
Bênção Final do nosso sacerdote traduziu perfeitamente o fundamento de festas
dessa grandeza: Alegria Plena em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém!
Matéria - Guilherme Augusto
Fotos - Camen Nogueira, Luan Braz, Rodrigo Augusto e Waldecy Junior
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