“Vós nos dizeis que para o Pai não existem escravos, apenas filhos muito amados.”
(Trecho da Oração Jubilar de Nossa Senhora da Conceição Aparecida)
(Trecho da Oração Jubilar de Nossa Senhora da Conceição Aparecida)
O dia nove de maio nunca será o mesmo. A aurora desse dia abriu seu
sorriso largo com os raios intensos e calorosos de um sol que brilhava
diferente. Os nazarenenses, em suas mais variadas ocupações e compromissos,
sentiam estacionar o tempo dos homens para que o tempo de Deus ditasse o ritmo
das coisas e dos seres viventes. O vento tocava os rostos como uma carícia e o coração
ansioso de cada Filho de Deus aguardava o solene momento em que podia sorrir
também.
E esse momento singular só poderia ter ocorrido às 17 horas, quando o
sol já não era a estrela maior e seu brilho ia se guardando no horizonte para
que a nossa Mãe, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, derramasse a sua luz
sobre as terras de nossa devota cidadezinha. O diminutivo aqui justifica que
não apenas nós, mas também a Nazareno em que vivemos, tornou-se Filha Legítima
e Santo Lar de Nossa Senhora. A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi recebida com festa e comoção
geral em sua chegada ao Lar dos Idosos de nossa comunidade.
Definitivamente, o
Senhor não confunde os seus planos e quão bonita foi a acolhida de nossa
Mãezinha junto aos idosos, às pessoas responsáveis por abrir os caminhos que
serão trilhados pela juventude. As almas cândidas e carregadas de maturidade,
Nossa Senhora escolheu visitar primeiro e dar o seu sopro de vida que nunca
cessa; afinal, o fim dos anos nada mais é do que o início de uma nova e
perfeita vida junto a Ela, ao Pai e ao Filho, na Sagrada Família do Reino de
Deus.
Nas ruas em que andávamos desatentos aos seus detalhes, agora oscilavam
em doce balanço as bandeirinhas que enfeitaram o trajeto a ser percorrido por
Nossa Senhora. Acima das cabeças dos fiéis ou em suas próprias mãos, flores e
bandeirinhas representavam o clima de alegria que veio com a noite cujo Sol
passou a ser nossa Amada Mãe Aparecida. Mera coadjuvante, a lua de todos os
dias assistia a sincera veneração do povo nazarenense àquela que doou sua vida aos
projetos de Nosso Senhor.
Nesse instante do percurso, os
Filhos de Deus que lá estiveram presentes tiveram a oportunidade de contemplar
mais um Santo e Belíssimo Mistério de Deus: ao lado do Reverendíssimo Pe.
Rondineli e do querido seminarista Guilherme Carvalho, o também Reverendíssimo
Pe. Sílvio erguia emocionado a imagem de Nossa Senhora em direção à Várzea,
onde havia estudado e ultrapassado muitos obstáculos e dificuldades para se
tornar o sábio e caridoso sacerdote que conhecemos. Desse modo, Pe. Sílvio
revisitou as suas origens. Tal episódio demonstrou a todos que Deus escrevia
mais uma de suas grandes histórias e havia escolhido o seio de nossa terra como
cenário para o espetáculo encenado pela visita de Nossa Senhora.
Com destino ao Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, a Mãezinha caminhou
suspensa alternadamente pelos seus três contempladores mais próximos: Pe.
Rondineli, Pe. Sílvio e o seminarista nazarenense Guilherme. Ambos foram na
traseira de um carro ornamentado com flores na cabine e devidamente honrado com
a Bandeira Nacional de um lado e a Bandeira de Nazareno do lado oposto. O que
se configurava perante os olhos admirados e convertidos de cada irmão era uma
cena de puro e grandiosíssimo louvor; os veículos automotores presentes no
itinerário religioso sugeriam pedaços de Fé e Santidade que Nossa Senhora ia
jogando pelo caminho.
Em cada casa e por todas as ruas, nenhuma expressão seria apropriada o bastante para descrever aquela cegueira do Povo de Deus para tudo o que não fosse a Imaculada Imagem de Nossa Mãe Redentora.
Por fim, a multidão de cristãos que aguardava em frente ao Santuário a
chegada da Virgem Mãe recebeu-a com fervorosos aplausos e embalada por canções
de louvor entoadas pelo Reverendíssimo Pe. Júnior. Orgulhosamente, o Hino
Nacional Brasileiro foi executado pelos talentosos músicos da Banda Municipal
Nossa Senhora de Nazareth, o qual foi ouvido e cantado de maneira respeitosa e
patriótica por todos os presentes. A Padroeira do Brasil foi glorificada pelos
brasileiros de Nazareno que cantaram o Hino da Nação pela qual Nossa Senhora
desceu dos Céus para cuidar com sua poderosa intercessão.
Em sua entronização, Nossa Senhora atravessou a porta de entrada do
Santuário sob uma chuva simbólica de rosas brancas, como se a paz do Senhor
beijasse o seu manto e nos consagrasse inteiramente e para todo o sempre. Nos
passos que antecederam sua magnífica acolhida, os fiéis puderam tocá-la
amavelmente como filhos necessitados de um abraço materno.
Dos primeiros bancos
até o Altar, a Igreja deixava implícito em cada belíssimo ornamento, na
cuidadosa e bem construída canoa de Nossa Senhora, a presença do Senhor Jesus e
de Deus Pai abençoando e santificando aquele evento ímpar de nossa Paróquia.
A partir de então, Pe. Rondineli nos levou a refletir sobre o significado
profundo subjacente aos relatos da descoberta de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul. Três pescadores a encontraram em
suas redes após fracassadas tentativas de pesca. Primeiramente o corpo e logo
depois a cabeça de Nossa Senhora foram descobertos. Imediatamente após o
ocorrido, os pescadores obtiveram muitos peixes em virtude de uma farta pesca
na qual a nossa Mãezinha operou seu primeiro milagre.
Com base nesse fato de
manifestação da Fé, somos convidados a persistir nos caminhos do Senhor com
serenidade e esperança (a sábia paciência) para descobrir os planos e as
bênçãos que deverão ser derramadas sobre nós. As pescas que cotidianamente
buscamos somente serão bem sucedidas se o leme do barco de nossas vidas é
dirigido pelo Senhor. Muito além de nossa vã inteligência, o Senhor sabe as
veredas do rio e os percalços a serem atravessados na correnteza dos nossos
desafios diários ou quando somos impiedosamente lançados à margem. Os peixes em
fartura dependem do nosso Amor a Deus e por nossos irmãos, Amor cujo alcance é
muito maior se nos deixamos cair confiantes no colo afetuoso de Nossa Divina
Mãe Aparecida.
Através das canções agora musicadas
magistralmente pelo Coral de nossa Igreja, teve início a recitação do Terço em
honra ao Mistério Glorioso de Cristo Ressuscitado e de Nossa Senhora que, como
toda mãe que nunca abandona o seu filho, acompanhou Jesus até a subida aos Céus.
Com a bênção final, Nossa Senhora despediu-se dos seus Filhos naquele dia e
assistiu à saída dos espíritos renovados com base no seu Amor.
No Santo Espírito que sopra vida
dentro de cada nazarenense, o coração pede que algo seja a última palavra: não
somos mais os mesmos, éramos órfãos do pecado e nascemos de novo como Filhos
Amados. Em nove de maio, Nazareno renasce para Deus através de Nossa Senhora.
Matéria : Guilherme Augusto
Fotos: Luan Braz
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