segunda-feira, 11 de maio de 2015

Filhos da Virgem Mãe: visita que batiza um novo tempo

“Vós nos dizeis que para o Pai não existem escravos, apenas filhos muito amados.” 
(Trecho da Oração Jubilar de Nossa Senhora da Conceição Aparecida)
 
 
          O dia nove de maio nunca será o mesmo. A aurora desse dia abriu seu sorriso largo com os raios intensos e calorosos de um sol que brilhava diferente. Os nazarenenses, em suas mais variadas ocupações e compromissos, sentiam estacionar o tempo dos homens para que o tempo de Deus ditasse o ritmo das coisas e dos seres viventes. O vento tocava os rostos como uma carícia e o coração ansioso de cada Filho de Deus aguardava o solene momento em que podia sorrir também.




                E esse momento singular só poderia ter ocorrido às 17 horas, quando o sol já não era a estrela maior e seu brilho ia se guardando no horizonte para que a nossa Mãe, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, derramasse a sua luz sobre as terras de nossa devota cidadezinha. O diminutivo aqui justifica que não apenas nós, mas também a Nazareno em que vivemos, tornou-se Filha Legítima e Santo Lar de Nossa Senhora.  A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi recebida com festa e comoção geral em sua chegada ao Lar dos Idosos de nossa comunidade.


  

              Definitivamente, o Senhor não confunde os seus planos e quão bonita foi a acolhida de nossa Mãezinha junto aos idosos, às pessoas responsáveis por abrir os caminhos que serão trilhados pela juventude. As almas cândidas e carregadas de maturidade, Nossa Senhora escolheu visitar primeiro e dar o seu sopro de vida que nunca cessa; afinal, o fim dos anos nada mais é do que o início de uma nova e perfeita vida junto a Ela, ao Pai e ao Filho, na Sagrada Família do Reino de Deus.






             Nas ruas em que andávamos desatentos aos seus detalhes, agora oscilavam em doce balanço as bandeirinhas que enfeitaram o trajeto a ser percorrido por Nossa Senhora. Acima das cabeças dos fiéis ou em suas próprias mãos, flores e bandeirinhas representavam o clima de alegria que veio com a noite cujo Sol passou a ser nossa Amada Mãe Aparecida. Mera coadjuvante, a lua de todos os dias assistia a sincera veneração do povo nazarenense àquela que doou sua vida aos projetos de Nosso Senhor. 



           Do Lar dos Idosos, a carreata organizada para recepção e procissão de Nossa Senhora pelas ruas da cidade seguiu para uma antiga e importante localidade conhecida popularmente por Várzea, onde estudaram muitos cidadãos falecidos e ainda residentes em nosso município.


             Nesse instante do percurso, os Filhos de Deus que lá estiveram presentes tiveram a oportunidade de contemplar mais um Santo e Belíssimo Mistério de Deus: ao lado do Reverendíssimo Pe. Rondineli e do querido seminarista Guilherme Carvalho, o também Reverendíssimo Pe. Sílvio erguia emocionado a imagem de Nossa Senhora em direção à Várzea, onde havia estudado e ultrapassado muitos obstáculos e dificuldades para se tornar o sábio e caridoso sacerdote que conhecemos. Desse modo, Pe. Sílvio revisitou as suas origens. Tal episódio demonstrou a todos que Deus escrevia mais uma de suas grandes histórias e havia escolhido o seio de nossa terra como cenário para o espetáculo encenado pela visita de Nossa Senhora.



Com destino ao Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, a Mãezinha caminhou suspensa alternadamente pelos seus três contempladores mais próximos: Pe. Rondineli, Pe. Sílvio e o seminarista nazarenense Guilherme. Ambos foram na traseira de um carro ornamentado com flores na cabine e devidamente honrado com a Bandeira Nacional de um lado e a Bandeira de Nazareno do lado oposto. O que se configurava perante os olhos admirados e convertidos de cada irmão era uma cena de puro e grandiosíssimo louvor; os veículos automotores presentes no itinerário religioso sugeriam pedaços de Fé e Santidade que Nossa Senhora ia jogando pelo caminho.





Em cada casa e por todas as ruas, nenhuma expressão seria apropriada o bastante para descrever aquela cegueira do Povo de Deus para tudo o que não fosse a Imaculada Imagem de Nossa Mãe Redentora.


 

Por fim, a multidão de cristãos que aguardava em frente ao Santuário a chegada da Virgem Mãe recebeu-a com fervorosos aplausos e embalada por canções de louvor entoadas pelo Reverendíssimo Pe. Júnior. Orgulhosamente, o Hino Nacional Brasileiro foi executado pelos talentosos músicos da Banda Municipal Nossa Senhora de Nazareth, o qual foi ouvido e cantado de maneira respeitosa e patriótica por todos os presentes. A Padroeira do Brasil foi glorificada pelos brasileiros de Nazareno que cantaram o Hino da Nação pela qual Nossa Senhora desceu dos Céus para cuidar com sua poderosa intercessão.




Em sua entronização, Nossa Senhora atravessou a porta de entrada do Santuário sob uma chuva simbólica de rosas brancas, como se a paz do Senhor beijasse o seu manto e nos consagrasse inteiramente e para todo o sempre. Nos passos que antecederam sua magnífica acolhida, os fiéis puderam tocá-la amavelmente como filhos necessitados de um abraço materno. 



  
Dos primeiros bancos até o Altar, a Igreja deixava implícito em cada belíssimo ornamento, na cuidadosa e bem construída canoa de Nossa Senhora, a presença do Senhor Jesus e de Deus Pai abençoando e santificando aquele evento ímpar de nossa Paróquia.



A partir de então, Pe. Rondineli nos levou a refletir sobre o significado profundo subjacente aos relatos da descoberta de Nossa Senhora da Conceição Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul. Três pescadores a encontraram em suas redes após fracassadas tentativas de pesca. Primeiramente o corpo e logo depois a cabeça de Nossa Senhora foram descobertos. Imediatamente após o ocorrido, os pescadores obtiveram muitos peixes em virtude de uma farta pesca na qual a nossa Mãezinha operou seu primeiro milagre. 


Com base nesse fato de manifestação da Fé, somos convidados a persistir nos caminhos do Senhor com serenidade e esperança (a sábia paciência) para descobrir os planos e as bênçãos que deverão ser derramadas sobre nós. As pescas que cotidianamente buscamos somente serão bem sucedidas se o leme do barco de nossas vidas é dirigido pelo Senhor. Muito além de nossa vã inteligência, o Senhor sabe as veredas do rio e os percalços a serem atravessados na correnteza dos nossos desafios diários ou quando somos impiedosamente lançados à margem. Os peixes em fartura dependem do nosso Amor a Deus e por nossos irmãos, Amor cujo alcance é muito maior se nos deixamos cair confiantes no colo afetuoso de Nossa Divina Mãe Aparecida.




            Através das canções agora musicadas magistralmente pelo Coral de nossa Igreja, teve início a recitação do Terço em honra ao Mistério Glorioso de Cristo Ressuscitado e de Nossa Senhora que, como toda mãe que nunca abandona o seu filho, acompanhou Jesus até a subida aos Céus. Com a bênção final, Nossa Senhora despediu-se dos seus Filhos naquele dia e assistiu à saída dos espíritos renovados com base no seu Amor.





            No Santo Espírito que sopra vida dentro de cada nazarenense, o coração pede que algo seja a última palavra: não somos mais os mesmos, éramos órfãos do pecado e nascemos de novo como Filhos Amados. Em nove de maio, Nazareno renasce para Deus através de Nossa Senhora.



Matéria : Guilherme Augusto
Fotos: Luan Braz



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