quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Saudade: um sentimento inventado?

Celebrações da memória dos fieis defuntos 
Esta palavra comum, presente no dia-a-dia, chamada de saudade, só existe por causa das perdas que tivemos. E as perdas mais insuportáveis que tivemos foram aquelas que não poderão ser jamais substituídas, e sim, somente poderão ser aceitas. É o que acontece com as pessoas que amamos e faleceram. Quantos gostariam de ter a oportunidade de dizer algo que não foi dito em vida. São perdas que só resta aceita-las.
Segundo o escritor e poeta Rubem Alves a saudade se traduz como um sentimento coletivo em todos nós: Que “na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás. E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha: desejamos encontrar, no futuro, aquilo que já experimentamos como alegria, no passado” (Rubem Alves).
Posso afirmar que “saudade” é um sentimento que inventamos, para continuar amando as pessoas que passaram por nós, e que fazemos questão de manter presente em nosso pensamento e até cultuamos, seus gestos, falas, atitudes e fé, para conservar a influência profunda deles em nós. Por que isso acontece? Por que, ouvir a noticia do falecimento de uma pessoa que amamos profundamente, cria em nós um mecanismo de defesa chamado negação: “não, não, não, isso não pode ter acontecido”.
Muitos já ouviram ou disseram essas palavras, ou internamente dizemos a nós mesmo. Negamos aqui, a realidade da perda, numa tentativa quase que louca de afastar a dor, por ser uma dor profunda que o enlutado passa, negando para si que isto jamais aconteceu. Numa esperança viva de afastar a dor.
Para algumas pessoas, as perdas jamais serão reparadas. Por instalarem em si mesma aquela sensação de desamparo e tristeza, por ter sido deixada “sozinha”, gerando raiva ou mágoa, não com a pessoa amada falecida, mas com outros. Mas, sentir magoado por estar vivendo este momento delicado da perda, é apenas a prova de que todos nós somos vulneráveis, é algo extremamente humano, por sentir aquilo que sem permissão nos foi roubado (tirado).
“A mágoa é a reafirmação da capacidade do humano de formar vínculos, e de se tornar emocionalmente revestido do mundo e de achar sentido nisso. A pessoa que vive imune à mágoa vive imune à alegria. Não há maneira de evitar a dor se se quiser ficar aberto ao prazer” (David Viscott).
“Por que a morte, como a vida, não é problema para quem parte, mas sim para quem fica”, escreveu Evaldo da A. D’Assumpção em seu livro “Sobre o viver e o morrer”. Concluindo, a saudades foi uma forma que encontramos para elaborar melhor as perdas de quem nos marcou profundamente na vida. Logo, “só podemos amar (sentir saudade) o que um dia já tivemos” (Rubem Alves).
A Paróquia/Santuário de Nossa Senhora de Nazaré celebrou o dia de Finados com as tradicionais Missas nos cemitérios paroquial (às 8h) e no Rosário (às 10h30min). A última celebração do dia foi às 19h, no Santuário, todas presididas pelo pároco que em suas homilias exortou os fiéis para com a brevidade da vida e a necessidade da conversão, uma vez que deve-se caminhar na terra esperando a morada eterna no reino do céu. 
Artigo: Padre Clayton Nogueira
Fonte-http://diocesedesaojoaodelrei.com.br/saudade-um-sentimento-inventado/
Fotos: Ana Luíza, Cássia Pereira, Pamella Neri, Rodrigo Augusto

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