sexta-feira, 3 de abril de 2015

Quinta-feira Santa - Ceia do Senhor, Sermão do Mandato, Instituição da Eucaristia , Lava-pés, Mandamento Novo e Desnudação dos Altares

“Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13:1)

Amor, caridade e penitência: viemos para servir.


Na Missa Solene desta Quinta-feira Santa, presidida pelo reverendíssimo Pe. Rondineli Cristino em conjunto com os reverendíssimos sacerdotes Padre Nelber Rodrigues, SCJ, e Padre Pedro Paulo, SCJ, ilustrou satisfatoriamente o início da caminhada dolorosa de Jesus ao calvário e principalmente a sua figura exemplar de amor e humildade para com os discípulos do seu tempo e também para os cristãos de hoje, herdeiros da sua Palavra.


Como parte da milenar tradição católico-cristã, a celebração ocorrida ontem (2) no Santuário Nossa Senhora de Nazaré, às 19h, constitui a Santa Missa do Lava-pés e busca recriar o episódio da última ceia entre Jesus e os 12 apóstolos. 





Conforme o que nos relata o Evangelho de João, Jesus tirou o manto que o cobria e amarrou à sua cintura uma toalha, com a qual lavou os pés de seus discípulos para que estivessem espiritualmente limpos no momento de seu retorno para o Reino dos Céus.



Neste momento de meditação e acolhimento das palavras do Santo Evangelho, Pe. Nelber desceu do altar como sinal de humildade e se aproximou de onde se encontrava reunido o Povo de Deus. Definitivamente, desenhava-se aos olhos de todos uma bela e sagrada imagem com os três sacerdotes em oração com os acólitos, os ministros e os fiéis que se dispuseram a representar os 12 apóstolos. 


Tínhamos ali uma reprodução visual que nos permitia sentir a comunhão feita entre o rebanho e o seu Bom Pastor. E dentro desse propósito de fé, Pe. Nelber instaurou sua homilia com o tema do amor, sentimento cuja prova viva é o próprio Cristo e que hoje se encontra tão banalizado em função da inversão de valores morais e do culto desmedido que se faz do corpo e da aparência. Em palavras que ecoavam dentro de todos os nossos irmãos presentes, o reverendíssimo sacerdote destacou a importância de viver para Deus e servi-lo sem reservas. Romantismo, romance e prazeres carnais são elementos de primeira ordem no mundo contemporâneo, mas não sustentam como o Amor que Cristo vivenciou na dor para nos salvar. 


Profundamente tocado pelo Espírito Santo, o sacerdote ainda ressaltou que cada membro da Igreja, enquanto instituição religiosa e templo do Senhor, deve acima de tudo compreender que não é superior ou especial por cumprir mais de perto os planos de Deus. Desde os irmãos presentes na Santa Missa, incluindo os ministros e acólitos e até mesmo o presidente da celebração; todos devem ser, em suas respectivas funções, servos capazes de prostrar-se diante do próximo e estabelecer com ele vínculos de igualdade e fraternidade concretizados no serviço e nas boas obras. “Simplesmente amar”, foram estas as últimas palavras proclamadas pelo reverendíssimo Padre antes de subir novamente ao altar.


Logo após a reflexão sobre o amor e a recordação da Paixão de Cristo por seu gesto de humildade, o ilustre e reverendíssimo Padre de nossa paróquia, Rondineli Cristino, seguiu o exemplo dado por Jesus e despiu as alfaias e vestimentas que o singularizavam diante do povo para substituí-las por um avental e lavar os pés dos 12 apóstolos distribuídos entre um canto e outro do altar.




 A cena que se configurou foi brilhantemente construída como um espetáculo de caridade, a plenitude consumada do amor sem limites e que transcende o próprio ser que ama. Ser humano esse que sendo sacerdote, o Bom Pastor dos nazarenenses, não hesitou em abster-se de todos os símbolos que o tornavam uma autoridade religiosa para simplesmente tomar os pés dos seus irmãos e lavá-los, secá-los, limpá-los da sujeira cotidiana como devemos limpar os nossos familiares e amigos e também nós sermos limpos por eles.



Por assim dizer, somos cada vez mais chamados a lavar-nos uns aos outros nas águas do Senhor. Como cristãos verdadeiramente amados e amantes de Jesus, é fundamental que saibamos conceber a nossa espiritualidade como um espaço que precisa ocupar a vida espiritual do outro, ou seja, precisamos nos igualar ao outro para inundá-lo com a nossa Fé e sermos também transbordados do Amor que o próximo nos retribuir e oferecer. Eis aí o singelo e perseverante caminho da caridade. Estejamos sempre dispostos a servir e limpar pés machucados e incapazes de prosseguir; os nossos irmãos necessitam do nosso testemunho de caridade para que possam também ser caridosos, desse modo seguiremos todos descalços e puros, serenos e tranquilos pelo caminho de Deus.




            Neste dia tão importante dentro da Semana Santa, é importante ressaltar o advento da Eucaristia, o maior e mais simbólico sacramento da Igreja. Um dia antes de ser entregue por Judas e levado ao monte em que seria crucificado, Jesus partilhou entre os discípulos o pão e o vinho, ensinando-lhes que se tratava de seu corpo e de seu sangue. 




             Através desses alimentos para a alma, eles nunca passariam fome nem sede e deveriam repetir e transmitir esse ritual de comunhão aos povos e nações como forma de evangelizá-los e levá-los à presença do Cristo Ressuscitado. 



                 Assim o fizeram seus discípulos e ontem a comunhão trouxe à memória o Pão da Vida e o Sangue da Salvação com os quais Jesus perpetuou sua Palavra no meio e essencialmente dentro de nós.



            Tradicionalmente, a celebração foi encerrada sem a bênção final que só será dada no Sábado Santo com o início de um novo ciclo na vida do cristão e da Igreja em que Jesus Cristo já se encontra à direita do Pai e permanece em nós pelo sacramento da Eucaristia.



Os fiéis saíram da Igreja silenciosos e recolhidos em oração, uma vez que o Santíssimo foi depositado no Centro de Pastoral e a Igreja desnudada dos seus ornamentos e cores vivas.As dores e humilhações de Jesus são incorporadas pela Igreja e pelos fiéis para que sua paixão e morte sejam glorificadas e o nosso pecado completamente vencido.



A tempestade agora anuncia a sua vinda, mas a certeza da calmaria e a Fé na Salvação é o que nos mantém confiantes para lutar; pacíficos, ajoelhados, em penitência e oração; como Cristo nos ensinou e como deve ser toda revolução legítima da vida contra o pecado e a morte.



Matéria : Guilherme Augusto
Fotos : Cássia Pereira

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