terça-feira, 1 de abril de 2014

Tráfico de pessoas: informação, ação e mediação


O tráfico humano é grande, é presente, mas é pouco visível. Sempre pensamos que está longe de nós. Temos que visibilizar o problema através de informações, de campanhas de sensibilização, debates, encontros. E aí a juventude pode ter uma contribuição enorme. Abrir os olhos, ser inquieto, procurar informação, participar, ser interlocutor de outros jovens. É preciso jogar o tema nas redes sociais, acompanhar as notícias da mídia, divulgar e discutir isso, seja pessoalmente, seja em grupo. Essa é uma tarefa de todos. Esse é um primeiro passo: o problema existe, está aí, e é preciso divulgar.
A segunda via de prioridade é a capacitação de multiplicadores. Espaços onde se trabalha a realidade, os conceitos, a legislação, a orientação de como se pode perceber a realidade. Temos que criar um grande mutirão de formação da consciência, de esclarecimento da realidade, através do qual podemos coibir o crescimento do tráfico de pessoas. Sabemos que é muito difícil resgatar quem já está, mas acreditamos que precisamos investir todas as energias, pois, se não conseguimos resgatar quem já caiu, vamos pelo menos coibir o crescimento e o ingresso de novos.
A terceira fonte de atuação é a mediação, ou seja, articular com organismos nacionais, internacionais, com o poder público, com outras organizações que trabalham com o tráfico ou com situações similares, que possam nos ajudar. Com os centros de direitos humanos que possam subsidiar a questão jurídica, mais formal dos processos. E depois na incidência política, estar junto, provocando, participando.
Em 2005, começou a política nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas. Essa política se baseou em três eixos: a prevenção, a assistência e a responsabilização dos culpados. Discutimos também a questão das políticas públicas no campo da prevenção, porque uma coisa é você alertar para o problema, outra coisa é você trabalhar isso conjugado com a superação das causas que levam as pessoas a entrar na roda. Temos que trabalhar via políticas públicas: saúde, educação, comida, enfrentamento da violência, cumprimento das leis socioeducativas. Porque, se isso acontece, as pessoas têm menos probabilidade de cair na armadilha do tráfico.

Eurides Alves de Oliveira, Ircoordenadora da Rede Um Grito Pela Vida, uma rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas, vinculada à Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e à CNBB.pastoral@icm-sec.org.br


http://www.mundojovem.com.br/edicoes/443-fevereiro-2014-trafico-de-pessoas-um-grito-por-dignidade
Postagem: Doraci Couto

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